Como proteger as abelhas do calor e garantir uma boa produção apícola

As abelhas são insetos que desempenham um papel fundamental na polinização das plantas e na produção de mel e outros produtos apícolas. No entanto, elas enfrentam diversos desafios para se adaptar às mudanças climáticas, especialmente às altas temperaturas, que podem comprometer o seu desenvolvimento e a sua produção. Neste artigo, vamos conhecer alguns dos mecanismos e estratégias que as abelhas utilizam para se manterem vivas e produtivas em períodos de calor intenso, bem como algumas das medidas que os apicultores devem adotar para proteger e estimular as colônias nesses períodos.

A temperatura ideal para as abelhas

As abelhas, assim como a maioria dos organismos, são sensíveis às variações de temperatura. Elas possuem uma faixa de temperatura ótima para o seu metabolismo e o seu desenvolvimento, que varia de acordo com a espécie, a raça, o estágio de vida e a atividade que realizam. No entanto, de forma geral, pode-se dizer que as abelhas procuram manter a área de cria do ninho numa faixa de temperatura entre 33-35°C, que é considerada favorável ao desenvolvimento da colônia. Essa faixa de temperatura permite que as larvas se desenvolvam adequadamente, que as operárias produzam cera e construam os favos, que a rainha realize a postura dos ovos e que o mel seja armazenado e maturado.

Os efeitos das altas temperaturas nas abelhas

Quando a temperatura ambiente ultrapassa a faixa ótima para as abelhas, elas precisam utilizar diversos mecanismos e estratégias para evitar o superaquecimento da colônia e manter a temperatura interna do ninho dentro dos limites toleráveis. Temperaturas acima de 36°C, por longo tempo, podem afetar severamente as abelhas, pois podem causar anomalias no desenvolvimento e até a morte das crias. Além disso, podem reduzir a atividade de coleta de alimento, a produção de mel e a defesa contra predadores e parasitas.

As estratégias das abelhas para o resfriamento da colônia.

Para resfriar a colônia, as abelhas utilizam diferentes estratégias, que envolvem tanto o comportamento individual quanto o coletivo. Algumas dessas estratégias são:

Dispersão: As abelhas se dispersam nos favos e reduzem o contato entre elas, diminuindo assim a produção de calor metabólico e facilitando a troca de calor com o ambiente. Em casos extremos, as abelhas podem até mesmo sair da colmeia, formando aglomerados do lado de fora, conhecidos como barbas ou barbados.

Ventilação: As abelhas realizam ventilação, batendo as asas, para criar uma corrente de ar que renova o ar quente e úmido do interior da colmeia por ar mais fresco e seco do exterior. A ventilação pode ser realizada tanto por abelhas individuais quanto por grupos de abelhas, que se posicionam na entrada da colmeia ou nos alvéolos vazios dos favos.

Evaporação: As abelhas promovem a evaporação de gotas de água que são espalhadas sobre os favos, principalmente sobre as áreas de cria. A evaporação da água absorve calor e resfria o ar da colmeia. Para isso, as abelhas precisam buscar água em fontes próximas, como rios, lagos, poças ou bebedouros artificiais.

As medidas dos apicultores para proteger e estimular as colônias

Os apicultores devem estar atentos às necessidades das abelhas nos períodos de estiagem ou de altas temperaturas, e tomar algumas medidas que possam garantir a sobrevivência e a produtividade das colônias. Essas medidas devem ser iniciadas logo na escolha do local para instalação do apiário, que deve ser sombreado e com fonte de água limpa, de acesso seguro, abundante e permanente. Além disso, os apicultores devem fornecer alimentação suplementar e monitorar a saúde das colônias. Algumas dessas medidas são:

Sombreamento: O sombreamento é essencial para reduzir a incidência direta de radiação solar sobre as colmeias, e consequentemente, a temperatura interna das mesmas. O sombreamento pode ser natural (sombra de árvores) ou artificial (coberturas artificiais construídas a partir de diversos materiais, dos mais rústicos aos mais resistentes). O apicultor deve escolher um local com espécies arbóreas que mantenham as folhas mesmo no período da seca para garantir o sombreamento nos períodos com temperaturas mais altas e escassez de chuvas.

Água: A água é fundamental para a manutenção dos enxames, principalmente em regiões de clima quente, uma vez que a água é usada para auxiliar na termorregulação, na produção de mel e na alimentação das crias. Deve-se fornecer fonte de água pura para as abelhas e disponível próxima às colmeias. Caso o local não disponha de fonte natural (rios, nascentes, etc.), deve-se instalar um bebedouro artificial, tomando-se o cuidado de mantê-lo sempre abastecido com água limpa. Para isso, deve-se trocá-la frequentemente e lavar o bebedouro com uma escova, evitando foco de contaminação. É importante também que as abelhas tenham acesso seguro à água, isto é, a fonte ou bebedouro deve ter materiais ou superfícies que permitam que as abelhas pousem no local e coletem a água sem se afogarem.

Alimentação: A alimentação é outro fator essencial na criação de abelhas, pois influencia diretamente o desenvolvimento e a produção das colônias. No período entre as floradas, em geral, também as temperaturas são mais elevadas, e com a redução das floradas, a oferta de alimento diminui e, especialmente na região semiárida, é necessário fornecer alimento para as abelhas para manter as colônias e reduzir a perda por abandono. A Embrapa Meio Norte desenvolveu diversas fórmulas que buscam suprir as necessidades nutricionais das abelhas nativas e africanizadas nesse período. A alimentação suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a aumentar a população, acelerando o crescimento do enxame.

Saúde: A saúde das colônias é outro aspecto que deve ser monitorado pelos apicultores, pois as altas temperaturas podem favorecer o surgimento ou agravamento de doenças, pragas e parasitas que afetam as abelhas. Alguns exemplos são a varroose, a loque americana, a loque europeia, a cria ensacada, a traça da cera, o besouro das colmeias, entre outros. O apicultor deve realizar inspeções periódicas nas colmeias, observando o comportamento, a população, a postura, a produção e a sanidade das abelhas. Caso detecte algum problema, deve tomar as medidas adequadas para o controle, seguindo as recomendações técnicas.

As abelhas são insetos que possuem uma grande importância ecológica e econômica, mas que sofrem com os efeitos das altas temperaturas. Para se adaptar ao calor, elas utilizam diversos mecanismos e estratégias para resfriar a colônia e manter a temperatura interna do ninho dentro dos limites toleráveis. No entanto, esse esforço pode impactar o desenvolvimento e a produção das colônias. Por isso, os apicultores devem tomar algumas medidas que possam garantir a sobrevivência e a produtividade das abelhas nos períodos de estiagem ou de altas temperaturas, tais como sombreamento, água, alimentação e saúde. Dessa forma, eles contribuem para a conservação de seus enxames e consequentemente o aumento da produção.

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