A história e a importância da apicultura no Brasil

A apicultura é a atividade que envolve a criação de abelhas e a produção de seus produtos, como mel, própolis, pólen, cera e geleia real. Esses produtos têm diversos benefícios para a saúde humana, além de serem fontes de renda para muitos produtores rurais.

A apicultura no Brasil tem uma história que remonta ao século XIX, quando as primeiras colônias de abelhas europeias foram introduzidas no país. Desde então, a atividade passou por diversas transformações, desafios e oportunidades, até se tornar um setor importante da agropecuária nacional.

Aqui, vamos conhecer um pouco mais sobre a história e a importância da apicultura no Brasil, bem como as principais técnicas, desafios e tendências para o seu desenvolvimento.

A origem da apicultura no Brasil

A apicultura brasileira começou oficialmente em 1839, quando o padre Antonio Carneiro importou da região do Porto (Portugal) 100 colônias de abelhas da espécie Apis mellifera. Depois de cruzar o Atlântico, apenas sete colônias sobreviveram e foram instaladas na praia Formosa, no Rio de Janeiro1.

Entre 1845 e 1880, imigrantes alemães e italianos introduziram outras subespécies de Apis mellifera em localidades do Sul e Sudeste do país1.

Durante essa fase, as abelhas melíferas eram exploradas principalmente como hobby e para a produção de cera. Assim, a apicultura brasileira era bastante rudimentar, com poucas técnicas de manejo e com colmeias mantidas nos quintais, já que as abelhas apresentavam baixa agressividade e não criavam problemas com outras criações de animais.

A introdução das abelhas africanas

Até a década de 1950, a produtividade de mel pelas abelhas melíferas europeia era baixa, não ultrapassando 8 mil toneladas por ano e uma singela 27° lugar na produção mundial, já que essas abelhas não eram adaptadas às condições climáticas tropicais. Também grande quantidade das colmeias foram dizimadas, devido às doenças como acariose e nosemose.

Para reverter essa situação, em 1956, o professor Warwick Estevan Kerr partiu para a África em busca de novas abelhas rainhas. A viagem, que contou com o apoio do Ministério da Agricultura, resultou na vinda de 49 rainhas que foram instaladas no apiário experimental de Rio Claro, no Estado de São Paulo.

O projeto era realizar estudos comparando as abelhas africanas com as europeias, avaliando a produtividade e resistência para a definição da raça mais adequada às condições brasileiras.

Entretanto, por falhas de manejo, as abelhas de 26 colmeias acabaram liberadas e culminou com o cruzamento das abelhas africanas com as europeias que aqui estavam, resultando na abelha africanizada.

Durante esse período de africanização, o país viveu uma fase problemática que foi muito explorada pelo sensacionalismo da mídia, que as tratava como “abelhas assassinas”, devido aos muitos acidentes que ocorreram.

De salvadoras da nossa apicultura, elas passaram a ser tratadas como pragas que precisavam ser exterminadas. Soluções drásticas, como pulverizações de inseticidas em grandes áreas, chegaram a ser avaliadas. Diante desse quadro caótico, de baixa produção de mel, desconhecimento no manejo e diversos acidentes, muitos apicultores abandonaram a atividade.

A recuperação e a expansão da apicultura

Com o tempo os apicultores remanescentes passaram a adaptar as técnicas de manejo das abelhas europeias para as africanizadas, muito mais agressivas, mas também muito mais produtivas e mais resistentes às doenças.

Um maior intercâmbio de técnicas e experiências, com a realização de simpósios e congressos reunindo produtores e pesquisadores, contribuiu decisivamente para o estabelecimento da apicultura como setor importante da produção agropecuária.

Como marco dessa recuperação, em 1967 é fundada a Confederação Brasileira de Apicultura e três anos depois é realizado o primeiro congresso brasileiro da área.

A partir da década de 1970, a apicultura brasileira passou a crescer e se expandir para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, aproveitando a diversidade da flora nativa e o potencial de produção de mel de qualidade.

Atualmente, o Brasil é o 11° maior produtor de mel do mundo, com cerca de 40 mil toneladas por ano, e o 10° maior exportador, com mais de 20 mil toneladas por ano. Além disso, o país se destaca na produção de própolis verde, um produto exclusivo da flora brasileira, com alto valor agregado e reconhecido internacionalmente por suas propriedades terapêuticas.

As principais técnicas de apicultura

A apicultura é uma atividade que exige conhecimento, planejamento e manejo adequado das colmeias. Algumas das principais técnicas de apicultura são:

Escolha do local: o local deve ser de fácil acesso, seguro, com disponibilidade de água e fontes de néctar e pólen durante o ano todo.

Escolha das abelhas: as abelhas devem ser da espécie Apis mellifera, preferencialmente africanizadas, por serem mais adaptadas ao clima e mais produtivas.

Escolha das colmeias: as colmeias devem ser do tipo Langstroth, que são padronizadas, modulares e permitem a inspeção e a colheita sem danificar os favos.

Instalação das colmeias: as colmeias devem ser instaladas sobre suportes, com distância de pelo menos um metro entre elas, e orientadas para o nascente, para aproveitar a luz solar e evitar a umidade.

Manejo das colmeias: o manejo das colmeias envolve a inspeção periódica, a alimentação suplementar, o controle de pragas e doenças, a divisão de enxames, a substituição de rainhas, a colheita e o beneficiamento dos produtos.

Os principais desafios e tendências da apicultura

A apicultura é uma atividade que enfrenta diversos desafios, mas também apresenta muitas oportunidades e tendências para o seu desenvolvimento. Alguns dos principais desafios e tendências da apicultura são:

Desafio: a preservação do meio ambiente, que é essencial para a manutenção das fontes de alimento e água para as abelhas, bem como para a qualidade dos produtos apícolas.

Tendência: a adoção de práticas sustentáveis, como o manejo integrado, a certificação orgânica, a rastreabilidade, a valorização da biodiversidade e a educação ambiental.

Desafio: a competição com outros países produtores e exportadores de mel, que oferecem preços mais baixos e maior volume de produção.

Tendência: a diferenciação dos produtos apícolas, como o mel orgânico, o mel de florada, o mel com indicação geográfica, a própolis verde, a geleia real, entre outros, que agregam valor e qualidade ao produto brasileiro.

Desafio: a capacitação e a profissionalização dos apicultores, que muitas vezes são pequenos produtores rurais, com baixa escolaridade e pouca assistência técnica.

Tendência: a organização e a cooperação entre os apicultores, por meio de associações, cooperativas, redes e consórcios, que facilitam o acesso a crédito, tecnologia, informação, mercado e políticas públicas.

Conclusão

A apicultura é uma atividade que tem uma longa história e uma grande importância para o Brasil, passou e passa por um processo de adaptação e evolução ao longo dos anos, superando os desafios impostos pelas condições climáticas, pelas doenças e pela agressividade das abelhas africanizadas.

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